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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Resenha do livro "Anjos e Demônios" de Dan Brown.

Autor: BROWN, Dan. Editora: Arqueiro.

                 Robert Langdon, renomado Simbologista de Harvard, recebe uma ligação inesperada do CERN. Mal saberia ele que aquela ligação mudaria toda a sua vida. Anjos e Demônios narra a história de um professor que se aventura nas cidades do Vaticano à procura da arma mais poderosa já vista - uma substância de antimatéria. Um atentado terrorista - de uma sociedade secreta - está prestes a aniquilar e destruir o menor país do mundo, e Langdon é o único que pode salvá-lo. A história é repleta de suspense, ação e mistério. Esse é o livro em que o leitor não deseja parar de ler. Robert enfrentou a morte diversas vezes e o seu próprio medo em busca da verdade.
                 O livro em geral é muito bom. Ele prende o leitor do início ao fim, traz relatos históricos surpreendentes e ainda por cima tem um final triunfal. Porém, ao lê-lo, percebi que a partir do final do livro a narração oscilava entre o que é possível e o que é improvável. Dan Brown com todo seu estilo escrevera uma obra fantástica, porém não soube como tratá-la adequadamente. Como, por exemplo, um dos personagens respirar por um "borbulhador", saltar a mais de milhares de quilômetros de altura sem um paraquedas, lutar contra um assassino profissional três vezes e não morrer - como assim? Contudo, pela facilidade da narrativa e pelo amplo assunto que ela aborda, o autor conseguiu reunir seu conhecimento histórico com uma aventura fantástica.
                 Ao longo da leitura eu me senti questionado. Afinal, creio que esse fora o principal foco de Brown. As guerras causadas pela Igreja - As Cruzadas, Guerra Santa - são justificáveis e perdoáveis, ao viés da sociedade. Porém, as guerras causadas pela ciência são duramente criticadas pela Igreja e seus seguidores. Cito aqui claramente "guerra" no sentido literal, como a guerra contra os mitos e dogmas estabelecidos há décadas.
                 A Igreja para estabelecer seu poder oprime os questionamentos, as dúvidas. Não obstante, reprime e condena muitas pessoas para se manter como uma estrutura sólida. Todavia, esta é necessária, pois traz consigo os meios necessários para que o homem alcance o seu auto-entendimento através de divindades. Portanto, a busca pelo homem não deve se dar apenas com teoremas e leis de física e química, mas sim uma busca pelo que é certo: solidariedade, fraternidade, companheirismo.
                 A ciência com sua busca incessante por conhecimento traz benefícios - remédios, curas para doenças intratáveis, porém traz também a destruição e a criação de armas que podem destruir toda a existência humana. Nobel, ao criar a dinamite, descobrira que em mãos erradas (principalmente dos governos) a humanidade estaria comprometida seriamente. E não só isso, porque aos poucos as descobertas científicas afasta as pessoas. Vê-se pessoas interligadas em seus equipamentos comunicativos a todo o tempo. Essas pessoas deixaram de apreciar uma conversa palpável para bater papo nas suas redes sociais.
                 Não cabe a mim julgar a ciência e tampouco a religião. O assunto a ser abordado é complexo. E Dan Brown conseguiu conciliar e evidentemente criticar a Ciência com a Religião. E é isso que o livro traz consigo de mais marcante: um conteúdo sociológico e filosófico.
Na minha opinião, sinceramente, caros amigos, a ciência só existe porque a religião se impôs antes dela - uma está interligada a outra.
                 E aí, quem são de fato os anjos e os demônios?

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Resenha do livro "A Cidade e As Serras" de Eça de Queirós.

Autor: Queirós, Eça de. Editora: Saraiva de Bolso.

A obra A cidade e as serras de Eça de Queirós publicada postumamente é narrada em Paris do século XIX, e tem foco principal o contraste entre a Cidade e a Serra, daí o título.
A narrativa é simples, de fácil compreensão, evidenciando a soberania da Simplicidade sobre o Artificialismo das Cidades. O autor dividiu o livro em dois blocos aparentemente iguais.

O primeiro é a vida de Jacinto na Cidade. Fica claro aqui como a sociedade urbana vive de aparências - desde uma enorme biblioteca de livros que não são lidos - até apetrechos e tecnologias desnecessárias. Também mostra que a fortuna, o prestígio, a aclamação e a amizade com as pessoas das classes mais importantes não traz felicidade. Neste cenário de riqueza, o Príncipe (Jacinto), deixa-se ser levado pelo tédio e pela filosofia de um dos filósofos mais importantes: o Pessimismo de Arthur Schopenhauer.

O segundo bloco se contrapõe ao primeiro. Nele o protagonista encontra-se em Tormes, Portugal, e sofre uma inesperada metamorfose nas Serras. Ele sente-se, então, ligado à natureza de uma forma muito íntima e familiar. Jacinto é de uma cultura superior, aos portugueses da Serra, e pela primeira vez tendo ele contato com a pobreza, que jamais avistara antes, fica incrédulo com aquilo. Portanto ele investe nos servos, aumenta salários, investe em escolas e creches. No campo, o homem encontra as suas raízes, o entusiasmo para a vida, o Otimismo e, de certa forma, a sua felicidade. Lá, em Tormes, ele ganha a Alcunha de "O Pai dos Pobres".

domingo, 16 de junho de 2013

Resenha do livro "A Metamorfose" de Franz Kafka.

Autor: Kafka, Franz. Editora: Saraiva de Bolso.

A metamorfose foi o primeiro livro de ficção que eu li. É um livro curto, tem cerca de 60 a 80 páginas dependendo da editora e não deixa a desejar. O autor usa uma linguagem simples e extrapola completamente os limites da imaginação. Logo de início o leitor se depara com uma situação um pouco estranha: ler e reler as primeiras páginas afim de entender o que sucede na descrição dos acontecimentos e não entender nada, até porque o leitor deve se inserir no quarto de Gregor Samsa, o protagonista, e tentar visualizar as cenas. Quem pega esse livro e o lê, certamente terá dificuldades, porém, fora isso, o livro no seu desenrolar é simplesmente incrível - apesar dos livros de ficção não agradarem a todos.

Contudo, o ponto mais importante não é a ficção em si, mas sim o caráter filosófico demonstrado do meio ao fim do livro. De início, confesso, não é fácil deduzir o que o autor deseja que entendamos, mas as últimas folhas do livro são, sem dúvidas, esclarecedoras e escritas naturalmente como se isso fosse uma normalidade. Por isso, como de costume, eu não farei um resumo sobre a história, pois os futuros leitores poderiam perder o interesse… Vamos à filosofia!

“Quando uma pessoa se torna um parasita?” - Essa é a pergunta que me veio a cabeça imediatamente após a última página. Penso em uma analogia não muito boa - aviso logo.

Observa-se, por exemplo, pais que trabalham arduamente para darem o que conseguem aos seus filhos, como: educação, moradia etc. O que, de certa forma, demanda bastante coragem e paciência, pois, os pais terão de acompanhar e sustentar os seus filhos durante aproximadamente 18 ou mais anos. Porém, o que se vê, é que após os filhos se tornarem auto-suficientes esquecem dos pais - quando estes deixam de trabalhar e passam a dar despesas com saúde, principalmente - e então o deixam em asilos. Outros filhos, entretanto, permanecem parasitando os seus pais para sempre.

Pfff! Essa questão é bastante frágil. E o livro aborda exatamente isso: a solidão, o sentimento de exclusão, o parasitismo etc. É evidente que, a partir da transformação de Gregor - responsável pelo sustento de sua família -, as pessoas mais próximas que deveriam apoiá-lo (o que é que seja), passam a desprezá-lo e ignorá-lo completamente. Ou seja, uma conclusão grosseira: “se você não me traz benefícios e me traz despesas, você é desprezível para mim”. É então duplamente tratado como um inseto. De tão bom, esse livro despensa apresentações e as conclusões devem ser feitas por cada um.

Resenha do livro "Macunaíma, o herói sem nenhum caráter" de Mário de Andrade.

Autor: Andrade, Mário de. Editora: Saraiva de Bolso.

Já diziam os antigos: Pouca saúde e muita saúva os males do Brasil são!

Macunaíma foi a obra-prima de Mário de Andrade e, provavelmente, do Modernismo! A equação que o autor mesmo cita em um dos prefácios interessantíssimos é a seguinte: Amar, verbo intransitivo + Clã do Jabuti = Macunaíma. A obra representa não apenas os resultados de pesquisas sobre uma identidade fielmente brasileira, mas também a tentativa de realização de um projeto totalmente nacionalista. Esse ideal de nacionalismo literário surgiu em virtude dos elos étnicos, linguísticos e culturais que compunham a nação brasileira. Assim, a rapsódia Macunaíma; o Herói sem Nenhum Caráter, foi escrita em poucos dias no mês de dezembro de 1926, estando Mário de férias numa chácara da família em Araraquara. O ponto de partida foi a leitura que o autor fez da obra Vom Roraima zum Orinoco, do etnógrafo alemão Koch-Grünberg, que colheu na Amazônia (Brasil e Venezuela), um ciclo de lendas dos índios taulipangues e arecunás.

Ao ler Macunaíma o leitor faz um pacto com o narrador, com o enredo da história e com o surreal. Mário de Andrade usou e abusou da linguagem, inserindo o que tinha que inserir e até o que não tinha. Tornando assim, Macunaíma, uma leitura cansativa linguisticamente por conta dos neologismos de adjetivos e substantivos que o autor faz. É uma obra constituída por vocábulos indígenas, africanos, expressões e provérbios populares, que formam um estilo narrativo-dinâmico e irônico de representação do povo brasileiro. Que é, sem dúvidas, um povo sem cultura própria. Propositalmente, a aventura de Macunaíma dissolve a geografia do Brasil, quando o personagem segue de um Estado para outro como quem atravessa uma rua.

Uma questão que é importante ressaltar é que Macunaíma é o fundador da cultura brasileira e representa o povo brasileiro que não tem caráter definido. Cria, por exemplo, o futebol, o truco e algumas expressões populares. É um herói exemplar apenas no interior do Mato-Virgem, onde a presença dos mitos, do folclore, enfim, a sua cultura não é ameaçada pela civilização urbana e pelo progresso industrial. Este, por sua vez, ao entrar em contato com a civilização de São Paulo, perde a sua identidade cultural. (Uma analogia do autor com a civilização dos portugueses aos índios). Eu não poderia dizer que o livro é as mil-maravilhas da literatura. Apesar de ser divertido por conta dos mitos e das diversas fantasias. É truncado, monótono, utiliza linguagem simples, porém é bem rebuscada. Não é o livro que lê-se antes de dormir. Todavia é o tipo de livro que merece uma chance de ser lido uma, duas, três vezes. Macunaíma é apenas uma brincadeira.

Resenha do livro "O Alienista" de Machado de Assis.

Autor: Assis, Machado de. Editora: Saraiva.
O Alienista, teve uma das suas primeiras publicações em 1882. A história ocorre em meados do século XIX e tem como centro temático os problemas da loucura. O enredo da história gira em torno do Dr. Simão Bacamarte, um importantíssimo médico que após conquistar grande respeito na sua carreira de maior médico do Brasil, de Portugal e das Espanhas, retorna à sua terra natal. Passa a dedicar-se ao estudo da ciência e alterna com as leituras. O médico casa-se com a até então viúva, D. Evarista, que não era bonita e tampouco simpática. Mas ao ver de Simão, esta poderia lhe gerar bons filhos robustos e inteligentes, que nunca chegaram.

Continua os estudos da medicina e se interessa pela neurologia, em específico a sanidade e a loucura humana. Teve a inovadora ideia de criar um Centro de Tratamento Psicológico, sendo indubitavelmente apoiado pelo governo e arduamente criticado pela vila. A medida em que o tempo passa, Bacamarte aprofunda-se ainda mais nos estudos e passa a recrutar impulsivamente mais e mais pessoas à Casa Verde - como é denominada, no livro, o asilo, a casa de Orates.

Passa a perceber que no asilo há mais pessoas do que fora dele, e começa a divagar se os verdadeiros loucos são aqueles que “gozavam do perfeito equilíbrio de suas faculdades mentais”. Passou a recrutá-los. Logo depois, passou a perceber que os cérebros recentes curados eram desequilibrados como os outros, e que em cada cérebro havia sanidade e loucura. O alienista os botou para fora. Depois dessas conclusões e de ter dado à cura aos moradores da vila, Simão não cessou e continuou a reflexionar até descobrir uma nova teoria. Achou em si, as características do perfeito equilíbrio mental e moral.

A narrativa é um pouco rebuscada, típica dos livros Machadianos. Porém é uma obra divertidíssima e prende a atenção do leitor. É um livro curto, cinquenta e cinco páginas (na minha edição) e é, de certa forma, uma prévia do que foi realmente o Realismo Brasileiro. Não deixa de ser um livro gostoso e saboroso, porém é preciso ter certa cautela ao lê-lo para notar a ironia de Machado de Assis, quando deixa implícito a hipocrisia do ser humano em pensar apenas no seu próprio prestígio e critica, também, à sociedade burguesa da época.

Resenha do livro "Ecce Homo" de Friedrich Nietzsche.

Autor: Nietzsche, Friedrich. Editora: Saraiva de bolso. 

“Neste dia perfeito, em que tudo amadurece e não apenas as uvas se tornam douradas, um raio de sol cai justamente sobre a minha vida: olhei para trás, olhei para frente, e nunca vi ao mesmo tempo tantas e tão boas coisas. Não foi em vão que hoje sepultei o meu 44° ano, era-me permitido sepultá-lo — o que nele era vida está salvo, é imortal. A “Transmutação de todos os valores, os “Ditirambos de Dioniso” e, para recriação, o “Crepúsculo dos ídolos” - tudo prendas deste ano, e até do seu último trimestre! Como não deveria estar reconhecido por toda minha vida? Eis por que a mim próprio narro a minha vida.”

Uma visão sobre si mesmo e o mundo que o cerca. Nesta obra autobiográfica, Nietzsche em seus últimos momentos de lucidez antes do agravamento da doença venérea, exemplifica-se toda a sua formação desde o seu passado até o presente e critica sem hesitação alguma a sociedade alemã, grandes filósofos, a moral e até a sua própria família em capítulos sugestivos.


  1. Por que sou tão sábio? - Relata os seus primórdios, o período do magistério, a família, a relação e a morte de seu pai. 
  2. Por que sou tão sagaz? - Relata a sua visão negativa perante ao idealismo e a religião, demonstrando que Deus - como razão de todas as respostas - é grosseria e o ateísmo é não uma consequência da racionalidade, mas sim um instinto. 
  3. Por que escrevo tão bons livros? - O autor explica detalhadamente o período e os motivos que o levaram a escrever as suas principais e mais importantes obras. Cita breves comentários sobre Karl Marx, Schopenhauer, entre outros e os contrasta com suas ideias. 
  4. Por que sou um destino? - Por fim, finaliza com sutis críticas a cultura alemã, alegando esta ser totalmente idealista, com suas palavras: indigesta, e a moral cristã como signo de decadência. Entretanto, se autoafirma como psicólogo e o primeiro filósofo trágico - cujo diferencial é dizer sim à vida - diferentemente dos pessimistas.
 Ler Ecce Homo, antes de ler outros livros desse autor é fundamental para quem deseja adentrar e conhecer a sua filosofia. Evidentemente Nietzsche foi um dos principais e mais reconhecido filósofo alemão de toda época. É caracterizado por temas relacionados à cultura ocidental, religião e moral. O livro desencadeia uma árvore que nos propõe pesquisas e mais pesquisas, pois ele constantemente cita outros pensadores e escritores. Não é um livro monótono, mas se tratando de uma autobiografia egocêntrica se torna um livro levemente chato. Eu li por curiosidade, porém não pretendo relê-lo tão cedo até eu adquirir uma maturidade que possa me conceber entendimento do fantástico Friedrich Wilhelm Nietzsche.

terça-feira, 12 de março de 2013

Os melhores



Eu nunca leio livros,
Que começam com “os melhores”
Como os melhores contos de Machado de Assis.
Ou os melhores poemas de Manuel Bandeira.
-Apenas os melhores.

Isso me dá a sensação de abandono.
De que algo bom ficou para trás.
Eu não quero ler os melhores,
Eu quero mesmo o verso ruim.

O pior poema e livro que já foi escrito,
Numa noite como essa tomar absinto.
Repetir que eu não minto.
Nunca menti.

Eu não leio os melhores.
Por uma simples identificação.
Como as coisas ruins...
Não há nada de melhor também em mim.

quinta-feira, 7 de março de 2013

A luz




Eu precisava apenas da luz do sol.
Mas disseram-me que a luz do sol não era segura.
Que logo anoiteceria, e nada poderia ver.
No breu da noite escura.

Então me venderam a luz em forma de lâmpada.
Contida num objeto pequeno que iluminava todo um ambiente.
Mas do meu céu, sumiram as estrelas.
E eu já não via mais a lua.

Então todo mundo quis a luz dentro da lâmpada,
Presa, contida... Ninguém mais tinha histórias para contar ao redor da fogueira.
Ninguém mais ficava rindo de bobeira...
Porque dentro de casa tinham a luz, e a noite era escura.

Que triste é a humanidade,
Que deixou sua essência pura
E perdeu sua liberdade
Por ter medo da noite escura.